Il Buono, il Brutto, il Cattivo

Il Buono, il Brutto, il Cattivo (1966)

http://imdb.com/title/tt0060196/

Clint Eastwood mais que um grande actor e realizador é uma lenda do cinema, talvez o último verdadeiro grande duro existente.
Tal reputação começou a ser ganha com a trilogia do homem sem nome sendo The Good, the Bad and the Ugly (nome em inglês) o maior desse trilogia.
Do lendário realizador Sergio Leone, esta obra conta a história de três pistoleiros que se encontram à procura de ouro durante a Guerra Civil Americana.
Mais do que um western, esta é uma película onde os horrores da guerra civil são apresentados de forma fria e brutal, sem que o realizador faça qualquer tipo de juízo referente a qualquer um dos lados do conflito, tentando em vez disso, focar a brutalidade e estupidez do conflito, tornando quase esse o foco principal do filme e o restante apenas um sub-plot mais "leve e cómico" (ao contrário do que possa parecer o filme tem algumas partes cómicas, em particular do personagem interpretado pelo actor Eli Wallach) .
Os westerns de Leone sempre foram sujos, brutais e, à falta de melhor termo, frios e este filme não foge à regra. Nenhum dos três pistoleiros é verdadeiramente o bom da fita (ao contrário do que o título apresenta), simplesmente as motivações e acções de cada um deles pode fazer com que o seu carácter pareça mais bondoso.
A banda sonora do filme, composta por Ennio Morricone, ganhou ela própria o estatuto de lendária e pouca gente não a conhece hoje em dia (o tema principal é bastante usado para toque de telemóvel).
Música e imagem estão majestosamente integradas e complementam-se maravilhosamente, em particular numa cena de tortura brutalmente violenta onde a música de carácter triste consegue tornar a sequência mais forte.
Sendo um filme com a lendária personagem de Clint Eastwood (mundialmente conhecido como o Homem sem Nome), seria de esperar que essa fosse a interpretação que se destacasse.
Mas na verdade é Eli Wallach com a sua personagem de Tuco que mais sobressai. O actor construí uma personagem com grande carisma,  transmitindo grande empatia com os espectadores.
Lee Van Cleef, também é excelente com a sua personagem.
A interacção entre os três personagens é um dos pontos altos do filme, permitindo ao espectador apreciar três grandes actores numa só obra.
Mais do que um western, este é uma obra essencial do cinema mundial, onde Leone mostra que os westerns podem ser muito mais que normalmente era associado ao género.

Obra visualizada no 8 1/2 Festa do Cinema Italiano

Pontuação: 84

The Visit

The Visit (2015)

http://www.imdb.com/title/tt3567288

M. Night Shyamalan pode-se dar ao luxo de dizer que já viu as duas facetas de Hollywood. De menino querido e visionário (com obras como The Sixth Sense e Unbreakable) a pária e objecto de gozo (The Last Airbender e After Earth), este argumentista/realizador já caminhou pelos dois. Após os seus últimos fracassos, o realizador tenta criar um filme na onda da obra que o tornou mundialmente famoso.
Em The Visit acompanhamos dois adolescentes que vão pela primeira vez conhecer os avós maternos e que começam a observar fenómenos estranhos.
Para começar vamos já tirar a dúvida que provavelmente existe. Sendo este um filme de Shyamalan, sim existe um twist, e não, o twist é bastante previsível e descobre-se muito cedo na obra.
A utilização do chamado mockumentary (documentário ficcional), embora demasiado comum hoje em dia, está no geral bem conseguido (com excepção de uma ou outra cena).
O filme tenta uma mistura de suspense/humor que não sendo revolucionário consegue uma alternância interessante entre as duas. Grande parte dessa comédia ocorre graças ao actor Ed Oxenbould que se não sofrer do mal de jovem actor que se perde algures nas teias de Hollywood pode ter uma carreira interessante.
Neste campo, a interacção entre os dois jovens actores é bem conseguida e com o avançar do filme torna-se um dos pontos interessantes do mesmo. Os restantes actores têm interpretações competentes, não comprometendo o filme.
O grande ponto negativo da obra é o sentimentalismo que a mesma tenta incutir no espectador, existindo muitas vezes o chamado momento face palm.

M. Night Shyamalan tem aqui uma obra interessante que embora não seja revolucionária como as suas obras iniciais, também não é um desastre autêntico como as suas últimas.

P.S.:  felizmente o realizador não caiu na tentação de encher o filme de jump scares, e embora os poucos que existem não são muitos eficazes, também não irritam.

Obra visualizada no MoteLx 2015

Pontuação: 64

Rubber

Rubber (2010)

http://imdb.com/title/tt1612774/

Por vezes o cinema "cospe" conceitos e propostas tão estranhas que mesmo sabendo o quão mau são, não conseguimos deixar de ser atraídos para eles qual estrela na proximidade dum buraco negro (expressão snob fica sempre bem). Neste campo em particular Rubber é uma das propostas mais aliciantes que surgiu nos últimos tempos.
O enredo do filme é bastante simples e pode ser resumido da seguinte maneira:
- existe um pneu que mata seres vivos (incluindo pessoas);
- existe uma força policial à procura dum assassino.

Com este enredo podia ter surgido um mau filme suficientemente divertido (intencionalmente ou não) que valesse a pena ser visto, mas infelizmente estamos apenas na presença de um filme aborrecido.
O realizador (que se não me engano foi também o escritor) tenta em demasia demonstrar o non sense de toda a obra, tendo cenas forçadas e que parecem que foram feitas apenas porque sim ou para aumentar o tempo de duração (não consigo arranjar outro motivo).
Os actores são todos banais com excepção do Stephen Spinella que parece estar a divertir-se à farta com tudo aquilo.
De resto, esta é uma obra sem qualquer ponto de interesse com excepção do conceito (cheguei a dormitar em algumas partes) que muito possivelmente funcionava melhor como curta.

RIP: Wes Craven

Um mestre do terror que fez algumas das obras mais reconhecidas dos últimos 30 anos (Nightmare in Elm Street e Scream).
Podia gostar-se ou não do género e/ou da sua abordagem, mas uma coisa é certa, o mundo do terror perdeu um dos seus grandes inovadores!

"Horror films don't create fear. They release it."

1939-2015

Eraserhead

Eraserhead (1977)

http://www.imdb.com/title/tt0074486/

A linha que separa a genialidade da loucura é bastante ténue e David Lynch é capaz de ser actualmente a melhor prova viva dessa frase cliché. E nada melhor do que a sua primeira obra para comprovar essa ideia.
Eraserhead (ou na sua grandiosa tradução portuguesa "No céu tudo é Perfeito") conta a história das dificuldades da parentalidade ou talvez seja apenas uma básica história de romance cliché de Hollywood contada pela mente de Lynch ou então nada disto que acabei de dizer.
E isto é um dos grandes pontos fortes de muitas das suas obras. Elas não são fáceis.... Ou seja, não saímos de lá a entender tudo o que se passa (a maior parte das vezes é o oposto), mas ao mesmo tempo saímos com vontade de discutir o que acabamos de ver prolongando com isto o prazer do filme.
Filmado totalmente a preto e branco (não me recordo se por escolha ou simplesmente por uma questão monetária), o filme tem uma grande cinematografia onde os momentos mais estranhos e alucinados (e neste filme eles são muitos) não causam estranheza e/ou quebram o ritmo da obra.
Os efeitos práticos utilizados são excelentes e ajudam bastante no ar irreal que a obra pretende (mais uma prova que muitas vezes efeitos  práticos são mais eficazes que o melhor CGI).
A banda sonora e efeitos sonoros são talvez o ponto mais forte e ao mesmo tempo mais subtil da obra. O realizador consegue com efeitos sonoros, música e silêncios fazer com que o espectador esteja num constante estado de inquietude, o que ajuda muito na ligação com o que se passa no ecrã (que me lembro só tive uma sensação igual na primeira vez que vi o filme de terror japonês Ringu).
Dos actores presentes (e não colocando em causa as interpretações do reduzido elenco), a grande interpretação vai para o actor principal Jack Nance. Ele consegue transpor na perfeição todas as emoções do personagem, muitas vezes sem qualquer tipo de diálogo.

Concluindo, estamos na presença de uma obra que não é para todos os espectadores, o que é uma pena.
Uma grande obra para o realizador se dar a conhecer ao cinema.

Pontuação: 78

Star Wars - versão oriental

Com a estreia marcada e tão aguardada de SW: The Force Awakens, muitos têm sido os projectos artísticos que se têm debruçado sobre este saga. Não fugindo a isto, Rhythm Force é um projecto que vai buscar a técnica da xilogravura como meio de representação destes famosos personagens.
As gravuras são previamente esculpidas num bloco de madeira e "carimbadas" numa folha de papel, que é posteriormente pintada.
Para mais informações sobre o projecto, consultar o site.









Fonte: MyModernMet

Mad Max: Fury Road

Mad Max: Fury Road (2015)

http://imdb.com/title/tt1392190/

Em 1979, é lançado um filme independente australiano que iria lançar a carreira de um actor (Mel Gibson) e tornar-se num verdadeiro culto. Obviamente que falo de Mad Max. Duas sequelas depois (uma das quais com Tina Turner a liderar uma quinta de porcos) e quase 40 anos é lançado um novo filme como o nome Mad Max: Fury Road.
Realizado por George Miller, assim como todos os outros, o filme andou no carrossel do saí não saí durante algum tempo, o que deixou-me logo de pé atrás. Além disso, o primeiro trailer ficou muito aquém das expectativas e comecei a pensar que seria mais um daqueles filmes que iria tentar fazer dinheiro usando o nome de um filme famoso e o factor nostalgia. Quando o segundo trailer saiu eu estava suficientemente apático em relação à obra para ir ver, nem quando comecei a ler o quanto as pessoas ficavam empolgadas com ele. Eventualmente numa sala de cinema vi o trailer e comecei a ficar mais curioso, mas nada mais. Efectivamente fui ao cinema e após ver o filme, cheguei à conclusão que claramente os trailers conseguem fazer com que um grande filme pareça medíocre e vice versa.
Quero com isto tudo dizer que o filme é simplesmente grandioso. George Miller conseguiu pegar no legado dos filmes originais e criar algo novo e original, mas ao mesmo tempo reconhecível e familiar.
O filme não é uma sequela nem um reboot da obra, sendo mais uma re-imaginação desse universo, com elementos reconhecíveis de todos os outros filmes.
O enredo aparenta ser inexistente, mas na verdade está brilhantemente diluído no meio de tudo o que se passa no ecrã. Mais do que uma história, o filme apresenta uma distopia, e esquecendo alguns abusos bastante provável de ocorrer, sendo possível traçar muitos pontos em comum com "rituais existentes actualmente" - leia-se religião.
Visualmente, esta é simplesmente a obra mais bonita e apelativa que vi nos últimos tempos, demonstrando que ainda é possível criar mundos originais e diferentes. O realizador optou por escolher uma palete de cores vivas (em contraste com a maioria das distopias) o que confere uma cinematografia única. Com um nível de detalhe muito acima da média, é um prazer extra vermos todos os pequenos detalhes que o realizador meteu no filme.
Tem das melhores e mais originais cenas de acção que vi nos últimos tempos, dando muito pouco uso ao CGI. Quando de facto essa ferramenta é usada, o filme perde alguma da sua emoção devido a essas partes não se encaixarem bem com o resto da obra.
Tudo desde da caracterização das personagens até aos veículos construídos para o filme transpiram originalidade e é um must aguardar que novos veículos ou personagens vão surgir (o guitarrista é simplesmente sublime).
Os actores têm todos interpretações sólidas (o actor Hugh Keays-Byrne que fez de Toecutter no Mad Max original regressa como Immortan Joe). Tom Hardy tem a melhor interpretação do filme, o que não seria fácil tendo em consideração que teria de igual o já estatuto de lenda do Max de Mel Gibson. Charlize Theron foi a surpresa para mim não porque achar que é má actriz, mas por achar que a actriz estava a "mandar-se para fora de pé".

Visto que o texto já vai longo e para concluir vejam o filme. Provavelmente vão estar na presença de um dos melhores filmes do ano (e não digo isto de ânimo leve) que vai ser completamente ignorado por Hollywood. Original, violento e inteligente (sim, inteligente), o filme consegue fazer críticas a muitas situações da sociedade de forma brilhante.
A grande surpresa do ano até ao momento.

Pontuação: 80

Óculos Icónicos

Não é assim tão estranho um pequeno pormenor de um filme nos agarrar... quer seja uma boa máscara, uma arma, uma peça de roupa ou a falta de! Por vezes um pequeno objecto chega para definir um filme. Com isto em mente, Capitoni, artista espanhol, propõs ilustrar personagens famosas pelos seus "adereços visuais".







Os restantes podem ser consultados aqui.


Fonte: MyModernMet

Free To Play

Free To Play (2014)

Para todos os fãs do jogo Dota 2, encontra-se no YouTube (link no fim), o documentário Free to Play que acompanha um campeonato mundial desse jogo onde equipas dos 4 cantos do mundo competem pelo prémio final (não me recordo do valor mas é bastante elevado).
Um documentário interessante onde mostra o poder/sucesso que o jogo e a indústria dos videojogos no geral já detêm.

http://youtube.com/watch?v=UjZYMI1zB9s

RIP: Christopher Lee

Count Dracula, Count Dooku ou Saruman, são apenas três de muitas personagens que este famoso actor inglês interpretou.
Com uma voz inconfundível e uma presença no ecrã que só os verdadeiros grandes actores conseguem, o cinema mundial perdeu, como ele próprio referiu, o único actor de todos os que participaram na trilogia do Senhor dos Anéis que conheceu o seu escritor.
Resta a imortalidade dos grandes papéis que desempenhou!

"To be a legend, you're either got to be dead or excessively old!"

1922-2015

Ida

Ida (2013)

http://imdb.com/title/tt2718492/

Antes de ter ganho o Oscar para melhor filme de língua estrangeira, aventurei-me a ver esta obra.
No papel, o filme tem uma história interessante. Numa Polónia pós II Guerra Mundial uma rapariga que vive num convento e que está prestes a ser ordenada freira, vai conhecer a única família que lhe resta, enquanto seguimos em pano de fundo uma Polónia que tenta renascer e ao mesmo tempo lidar com os fantasmas do passado.
Ao contrário do que a maioria das pessoas acharam, achei o filme mau. É verdade que dramas não é propriamente um género que me fascine, mas já vi obras que gostei bastante ou que me interessaram.
Tudo no filme parece que foi feito para parecer arte, mas simplesmente parece-me pretencioso.
A câmara está sempre demasiado alta e passei o filme todo a imaginar a razão.
Existem close ups com momentos de silêncio (demasiados longos) que não servem para absolutamente nada de importante.
O desenvolvimento da história é monótono e algo previsível (adivinhei o fim do filme, o que não é obrigatoriamente mau quando o filme é interessante).
Basicamente, achei simplesmente o filme um exercício de ego do realizador e o desperdício de um argumento que tinha tudo para fazer uma obra interessantíssima.

Pontuação: 54

Les Vacances De Monsieur Hulot

Les Vacances De Monsieur Hulot (1953)

http://imdb.com/title/tt0046487/

Jacques Tatti, um famoso actor/realizador francês apresenta neste filme o seu mais famoso personagem Mr. Hulot.
Nota-se neste personagem uma mistura de Buster Keaton e Charlie Chaplin, embora o actor/realizador apresente um estilo próprio.
A história do filme não tem nada de especial ou original, sendo que o título exemplifica totalmente o enredo, ou seja, vamos acompanhar as férias desse personagem numa estância onde existem diversas personagens todas características à sua maneira. Essa convivência vai causar diversas situações engraçadas (a maior parte não é muito convicente), algumas causadas pelo seu personagem.
O filme está vagamente estruturado por sketches o que não abona a favor do mesmo.
O ponto alto do filme é a atenção que o realizador dá a diferentes personagens e não apenas à sua.
Um filme que provavelmente só vai interessar ao fãs do realizador.

Pontuação: 58

R2-D2 Van Style

Para todos os fãs de Star Wars, César Aguzzoli fez o que só alguns ousam imaginar. Depois de uma maratona de Guerra das Estrelas, a inspiração no seu pique, César deciciu transformar a carrinha familiar num objecto de culto. Inspirado no famoso robot R2-D2 da saga, com a ajuda de amigos e mais de 50horas de trabalho, o resultado fala por si.
Sou só eu que acho que este pequeno projecto familiar se poderia transformar num negócio bastante lucrativo?

Para quem quiser acompanhar passo por passo todo o processo, pode segui-lo aqui.




Fonte: MyModernMet

Interstellar

Interstellar (2014)

http://imdb.com/title/tt0816692/

Não sei o que achar do filme em termos de pontuação a dar, mas não vejam isto como algo mal. Simplesmente o filme não é fácil de pontuar.
Como ponto negativo é não ter o imediatismo de um Inception que nos agarra logo. Como maior ponto positivo (e tirando a normal cinematografia, elenco, etc... que é excelente), o grande ponto positivo é a capacidade que a história tem de nos deixar a pensar muito depois de o filme acabar (mais uma grande história/adaptação dos irmãos Nolan).
Não é de todo um filme perfeito e tem um ou outro "salto de fé" no argumento, mas é um filme com a mesma qualidade que Christopher Nolan já nos habituou.

Pontuação 85

P.S.: tomem atenção à grande interpretação da actriz mais nova (parece-me um nome para acompanhar).
P.S.2: Após uma segunda visualização, e ao contrário do que me pareceu a primeira vez, a banda sonora de Hans Zimmer é simplesmente sublime (como o compositor nos habituou à muito tempo).

The Room

The Room (2003)

http://imdb.com/title/tt0368226/

O cinema é capaz de ser a única arte que definiu uma classificação contraditória para algumas das suas obras. Assim, além das obras primas, dos filmes muito bons, dos bons, dos decentes, dos fraquinhos, dos maus e dos muitos maus (os termos podem variar, mas no geral deve ser mais ou menos assim), existem também os chamados tão maus que dão a volta e tornam-se bons. A classificação parece não fazer sentido, como pode um filme ser tão mau e ao mesmo tempo bom. Não querendo, nem tentando entrar muito em detalhe, os filmes que se classificam assim são tipicamente obras que falham redondamente em premissas que estavam a tentar alcançar (por exemplo, argumento, interpretações, etc...). O que difere dos filmes realmente maus é que essas falhas tornam  os filmes hilariantes e não dorolosos de ver (um exemplo de um filme realmente mau pode ser Scary Movie 5 e de um filme mau que dá a volta Sharknado).

Porquê esta explicação toda? Simplesmente para dizer que acredito que encontrei o topo desses filmes. A obra sobre a qual todos os outros "tão mau que é bom" têm de ser comparados.

The Room foi escrito, realizado e interpretado por Tommy Wiseau e é simplesmente incrível.
Não consigo ter palavras que façam justiça ao quão mau o filme é.
O argumento é do mais banal que existe, basicamente consiste num drama sobre um triângulo amoroso, que mesmo assim consegue falhar devido às motivações de cada personagem serem, e à falta de melhor adjectivo, completamente idiotas e irreais.
Os diálogos conseguem ser incoerentes, sem sentido, com falas que entram cedo demais, tarde de mais ou simplesmente não fazem qualquer sentido lá (é impressionante como uma simples cena duma florista de cerca de 1 a 2 minutos consegue fazer com que o diálogo faça pouco sentido).
O filme está cheio de cenas que não avançam em nada o argumento, servindo só para aumentar a duração do mesmo, e que ocorrem do nada deixando o espectador com a sensação que o editor trocou as mãos e juntou vários maus filmes diferentes.
Os cenários e fotografia são tão banais e desinteressantes que não me lembro de dizer mais nada sobre eles.
As interpretações são fracas, mesmo fracas, não existindo um único, chamemos "actor" (não investiguei mas quero acreditar que sejam todos ainda estudantes de representação) que consiga ter uma cena onde possa dizer que representou. Posso na verdade estar a ser muito bruto, porque eu respeito a forma como tentaram "representar" os diálogos de forma séria.
Mas o que torna este filme no topo dos "maus que são bons" é a representação do seu actor principal. Se The Dark Knight teve Heath Ledger (um exemplo de interpretação que tornou o filme uma obra prima), então The Room tem o próprio Tommy Wiseau.
A sua representação, e estou a usar a palavra livremente porque o que ele fez foi tudo menos representar, foi tão horrívelmente bela, tão dolorosamente engraçada, tão incrivelmente má, que acredito verdadeiramente que ele inventou sozinho um novo método de não-representação (será que esta palavra existe?). Gostava de conseguir detalhar a sua  não-representação, mas não iria conseguir transpor nem tão pouco aproximar-me dessa obra prima em palavras, o que fará sentido neste caso dizer que uma imagem vale mais que 1000 palavras.
Se já tudo isto seria suficiente, o filme também contém cenas que servem ao nobre propósito de serem imitadas até à exaustão (como todas as grandes obras têm).

Para concluir, vejam este filme.
Na companhia de amigos e com alguma bebida, esta é capaz de ser uma das obras mais cómicas que alguma vez viram (tendo grande potencial para os chamados drinking games).

Espero ansiosamente pela peça de teatro!!!!

Pontuação: 2
Factor de diversão: 10

Mr. Turner

Mr. Turner (2014)

http://imdb.com/title/tt2473794/

Obras biográficas não fazem normalmente o meu género de cinema e posso contar pelos dedos de uma mão os que gostei (actualmente só me lembro do filme Lincoln). Assim quando fui ver este filme, ia sem nenhumas expectativas.
Começando pelo que salta logo à vista, os cenários e vestuários da época estão todos muito bem conseguidos e a nomeação para o Oscar é inteiramente merecida.
A história acredito que seja interessante para os fãs do género mas para mim foi algo aborrecida, tendo estado sempre com a sensação que não se passava nada.
O verdadeiro ponto positivo do filme é a interpretação do actor principal (Timothy Spall). Ele funde-se totalmente na personagem (não me chocava nada se tivesse sido nomeado para o Oscar). O resto do elenco tem prestações sólidas, mas visto à distância (vi o filme à algum tempo), só me consigo recordar verdadeiramente de Timothy Spall (em particular de um tique muito próprio que a personagem tinha).
Um drama biográfico de época que embora não surpreenda deve satisfazer os fãs do género.

Pontuação: 63

Filmes em 2 Frames

Viktor Hertz, ilustrador sueco, deixa-nos aqui pequenos resumos visuais de alguns dos clássicos do cinema. Fazendo uso de somente dois frames/ilustrações, estes clássicos são esmiuçados até restar somente o essencial de cada um. Desde Star Wars, passando por Pulp Fiction e The Big Lebowski, são vários os filmes que se sujeitaram a este processo. Os restantes podem ser visualizados no site da kickstarter e, já agora, quem quiser, pode apoiar este projecto.
Tendo já desenvolvido vários projectos similares, esta foi a primeira vez que o artista recorreu a um trabalho simbiótico com o público para todo o desenvolvimento dos posters.
Que venham mais!





Fonte: MyModernMet

RIP: Manoel de Oliveira

As suas obras podiam não ser as mais fáceis de acompanhar nem tão pouco as que tinham mais sucesso comercialmente, mas, independentemente disso tudo, acredito não estar a exagerar quando digo que o cinema português perdeu um dos seus grandes, talvez mesmo o maior!!!
O universo cinematográfico ganhou mais uma estrela.

Que venham as merecidas homenagens!

" O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia, o cinema agarra-se a coisas concretas. O realizador não é criador, é criatura."

1908-2015

Roma

Roma (1972)

http://imdb.com/title/tt0069191/

Do que fala Roma? De tudo e de nada, ou seja, de acontecimentos e situações banais sobre as quais muitas vezes não damos qualquer valor.
Este filme que serve como uma homenagem do realizador à cidade do título, apresenta uma metrópole estranha e fria com rituais ainda mais estranhos e personagens que aí vagueam moldando e sendo moldadas por ela (a cidade).
A obra apresenta-se como um conjunto de sequências com poucas ou nenhumas ligações entre elas onde o realizador representa diferentes situações que ocorrem na sua cidade de adopção. Usando muitas vezes o absurdismo, cada sequência parece usar um estilo de filmar diferente, o que lhes confere uma identidade própria, fazendo quase com que o filme pareça um conjunto de curtas (que neste caso em particular tende a resultar).
Sem personagens ou actores que se elevem na obra, ficamos com a ideia que a personagem principal é realmente a cidade com os seus defeitos e pontos fortes.
Uma das obras mais interessantes que vi de Fellini, acredito que possa agradar a um vasto número de pessoas, seja pela forma diferente e original de mostrar uma das cidades mais famosas do mundo, ou pelas diferentes sequências e forma de filmar das mesmas.

Obra visualizada na Masterclass sobre História do Cinema

Pontuação: 72

Movie Director Portraits

Quantas vezes olhamos para aquela parede vazia de casa e nos perguntamos o que colocar lá?
Pois bem, aqui fica uma sugestão: Julian Rentzsch, ilustrador alemão, juntou-se ao atelir de design Stellavie (dirigido por Steffen Heidemann e Viktoria Klein) e juntos desenvolveram um conceito original de posters. Partindo do tema "Grandes Realizadores" proposeram-se a retratar realizadores famosos combinando as suas faces com cenas famosas dos seus trabalhos.
Até agora foram lançados três posters - Alfred Hitchcock, Martin Scorsese e David Lynch - que aqui deixo.
Já foi criada uma lista para votar com o próximo realizador a ser desenvolvido, para quem estiver interessado, quer em actualizações quer para sugerir/votar em realizadores, aceder aqui.







Fonte: MyModernMet

Deconstructive/Constructive

Por estas alturas vai ser inaugurado, em Nova Iorque, uma exposição do artista Jason Dussault.
Como não é todos os dias que uma pessoa vai a Nova Iorque, deixo aqui algumas das obras que irão estar presentes.
Jason é um artista canadiano que, sem outra fonte de inspiração, focou a sua atenção nos comic books (livros de banda desenhada). O que ele faz é muito simples, misturando pedaços de azulejo com argamassa, usando tintas, resinas e um pedaço de vinil, a obra resulta em várias retratos-mosaico de diversos super-heróis e outras personagens da chamada pop culture.





Para mais obras do artista: Jason Dussault Gallery

Para mais informações sobre a exposição: Hoerle-Guggenheim Museum

Fonte: MyModernMet

Lovely Louise

Lovely Louise (2013)

http://imdb.com/title/tt2904628/

Existem obras europeias bastantes interessantes que devido ao poder e à fama de Hollywood passam completamente despercebidos ou na maioria dos casos aparecem apenas nos festivais. Infelizmente esta obra é uma delas.
Muito por alto, o filme fala sobre rotina versus mudança, na vida de um homem de meia-idade.
À primeira vista, este parece ser mais um drama massudo que só iria interessar aos fãs do género, mas pelo contrário, estamos na presença de uma obra que consegue tratar de assuntos pesados com uma grande dose de comédia e sem desprezar os mesmos temas que trata.
As interpretações são todas bastantes coerentes e competentes, em especial a interacção entre os actores que fazem de irmãos recentemente descobertos.
As cenas divertidas no filme são realmente engraçadas, sem necessidade de recorrer ao absurdo, ao abuso e sem alterar de forma inorgânica as personagens.
Um filme que serve para demonstrar que o cinema europeu está vivo e de boa sorte.

Obra visualizada no festival Kino

Pontuação: 80

O que acontece quando Star Wars se cruza com o universo dos super-heróis?

Uma questão pertinente à qual o ilustrador Steve Berrington não teve problemas em responder.
Sem grandes demoras, aqui fica a resposta:

 
 

A título de curiosidade, e tirando partido da mesma temática, Steve ainda nos apresenta outras variações desta, aqui e aqui.


Fonte: MyModernMet

Disney em 54 posters

À semelhança do projecto de homenagem a Hayao Miyazaki, e em certa forma ao Studio Ghibli, chegou agora a vez de homenagear quiçá a correspondente americana - Walt Disney Company.
Foi isto que o artista mexicano Rafael Mayani se propôs a fazer.
Ao longo de 2 anos o artista fez questão de visionar, por ordem cronológica, todos os filmes da disney (excluíndo os que saíram directamente em vídeo) e para cada um produziu uma ilustração.
É uma viagem artística desde a 1937 com a Branca de Neve e os 7 Anões até ao mais recente Big Hero 6.
As ilustrações podem ser todas visionadas no blog de Rafael, que pode ser acedido aqui.
Além destas, o artista presenteia-nos sempre com factos interessantes que acompanham estes momentos criativos.
Sem mais demoras, aqui ficam alguns:

  
  





Fonte: MyModernMet

Homenagem a Hayao Miyazaki


Com a entrada no fim-de-semana dos óscares, os últimos preparativos são feitos (por lá e por cá), e as últimas homenagens são finalizadas e postadas.
Este ano, Hayao Miyazaki será premiado na cerimónia com o Óscar Honorário e, em jeito de homage, Thiago Heinrich e Vencys Lao, ilustradores do Brasil, reuniram vários artistas num projecto que resultou em 74 ilustrações que exploram sensivelmente 30 a 40 anos da carreira do realizador.

Ficam aqui alguns dos trabalhos e convido-vos a explorarem o projecto que pode ser acedido aqui.